Elas contribuíram para a formação da cidade em diferentes âmbitos: participaram nas lutas políticas, na economia nascente e na assistência social aos necessitados.
Muitas mulheres fizeram história em Vitória da Conquista. Hoje elas vivem nas páginas de livros e jornais amarelados pelo tempo, no imaginário conquistense e nos nomes de bairros, avenidas e ruas da cidade. Saber o que há de verdade e o que é mito na história dessas personagens, requer pesquisa histórica. Nos livros "Mulheres que fizeram história em Vitória da Conquista", de Israel Orrico, publicado em 1982, e "Imprensa e Coronelismo no Sertão do Sudoeste", de Jeremias Macário, publicado em 2005, encontramos alguns dados sobre a vida de mulheres como:
Segundo registros históricos do Museu Regional de Vitória da Conquista, Laudiceia Gusmão de Oliveira era neta de Plácido da Silva Gusmão, o primeiro Gusmão que chegou na então Vila Imperial da Conquista. Casou-se com Porfírio de Oliveira Freitas e foi mãe de 12 filhos. Viveu em Conquista na época do coronelismo, um regime marcado por disputas políticas e pela força das armas.
Em 1919, durante o conflito entre os Meletes (Partido de Maneca Moreira) e os Peduros (Partido de Ascendino Melo), Laudiceia teve papel decisivo para o retorno da paz. Depois de um episódio que havia provocado a morte de um fazendeiro e causado ferimento em outro, Laudiceia decidiu agir. Acompanhada por Henriqueta Prates e outras senhoras da sociedade, Laudiceia saiu às ruas com uma bandeira branca amarrada a um rifle 44 e foi ao encontro dos coronéis Dino Correia e Maneca Moreira, para pedir paz. Diante daquela atitude, os dois homens se deram as mãos e a paz foi selada.
A coragem de Laudiceia não parou por aí. Para garantir a manutenção da paz ela impediu que o juiz de Direito, Antônio José Araújo, fosse ultrajado pela facção dos Peduros, que prometeram que se fossem vitoriosos, o juiz sairia de Conquista montado num boi. Temendo nova onda de violência, Laudiceia mandou selar dois cavalos e, pessoalmente, fez a escolta do juiz até Poções.
Por esse gesto Laudiceia Gusmão recebeu o título de “A Medianeira da Paz”. Entre seus atuais descendentes, destaca-se a bisneta Heleusa Figueira Câmara – uma das educadoras que fazem a Conquista atual.
Henriqueta Prates dos Santos Silva (1863/1957)
Filha de Estevão Prates e Maria Vitória Moreira Prates, Henriqueta nasceu na Fazenda São Pedro, na então Vila Imperial da Conquista, em 30 de abril de 1863. Casou-se com José Sátiro dos Santos Silva e foi mãe de sete filhos.
No livro “Mulheres que fizeram história em Vitória da Conquista”, Israel Orrico (1982) conta que Henriqueta Prates foi uma mulher à frente do seu tempo, “conselheira política e presença marcante na vida social”.
Contemporânea de Laudiceia Gusmão, Henriqueta Prates viveu numa época em que não havia hospital, posto médico ou campanha de vacinação em cidades como Conquista. Na década de 1920, a seca castigava o sertão, o índice de mortalidade infantil era elevado e epidemias como a gripe espanhola (1918) e varíola (1920) assombravam a cidade. Segundo o livro do autor Isrrael Orrico, casas como as de Henriqueta Prates e sua prima Laudiceia transformaram-se “em creche, hospital e albergue”. Na ocasião, Henriqueta Prates chegou a cuidar pessoalmente de até 20 pessoas infectadas pela varíola.
Por esse gesto humanitário, o Monsenhor Olímpio teria dito: “Nascerem duas pessoas como Henriqueta Prates e Laudiceia Gusmão no mesmo século e no mesmo lugar é prova da extrema bondade de Deus”. Não por acaso, Henriqueta Prates dá nome atualmente a um dos bairros mais populosos da cidade e a casa que lhe serviu de residência abriga hoje o Museu Regional de Vitória da Conquista.
Dona Janoca - A esposa do Coronel Gugé (1856/1930)
No livro “Mulheres que fizeram história em Vitória da Conquista”, Israel Orrico (1982) conta que Henriqueta Prates foi uma mulher à frente do seu tempo, “conselheira política e presença marcante na vida social”.
Contemporânea de Laudiceia Gusmão, Henriqueta Prates viveu numa época em que não havia hospital, posto médico ou campanha de vacinação em cidades como Conquista. Na década de 1920, a seca castigava o sertão, o índice de mortalidade infantil era elevado e epidemias como a gripe espanhola (1918) e varíola (1920) assombravam a cidade. Segundo o livro do autor Isrrael Orrico, casas como as de Henriqueta Prates e sua prima Laudiceia transformaram-se “em creche, hospital e albergue”. Na ocasião, Henriqueta Prates chegou a cuidar pessoalmente de até 20 pessoas infectadas pela varíola.
Por esse gesto humanitário, o Monsenhor Olímpio teria dito: “Nascerem duas pessoas como Henriqueta Prates e Laudiceia Gusmão no mesmo século e no mesmo lugar é prova da extrema bondade de Deus”. Não por acaso, Henriqueta Prates dá nome atualmente a um dos bairros mais populosos da cidade e a casa que lhe serviu de residência abriga hoje o Museu Regional de Vitória da Conquista.
Dona Janoca - A esposa do Coronel Gugé (1856/1930)
Joana Angélica dos Santos Silva tornou-se dona Janoca em 22 de junho de 1872, ao casar-se com o homem mais poderoso na região, José Fernandes de Oliveira, o coronel Gugé. Na época, a família vivia em um sobrado de 400 m² onde hoje funciona o Banco do Brasil.
A casa de Dona Janoca era também uma espécie de Centro Cultural de Vitória da Conquista. Segundo Jeremias Macário, em "Imprensa e Coronelismo no Sertão do Sudoeste", no sobrado dos Fernandes aconteciam as festas, as reuniões políticas e saraus. Em 1917, a casa da família Fernandes foi também sede do Jornal “A Palavra”, um dos três primeiros jornais no sudoeste da Bahia.
Dona Janoca foi mãe de três filhos: Ramiro Fernandes dos Santos, que substituiu o pai na política, Maria Olímpia e Jeny Fernandes de Oliveira, conhecida na história como dona Zazá.
A casa de Dona Janoca era também uma espécie de Centro Cultural de Vitória da Conquista. Segundo Jeremias Macário, em "Imprensa e Coronelismo no Sertão do Sudoeste", no sobrado dos Fernandes aconteciam as festas, as reuniões políticas e saraus. Em 1917, a casa da família Fernandes foi também sede do Jornal “A Palavra”, um dos três primeiros jornais no sudoeste da Bahia.
Dona Janoca foi mãe de três filhos: Ramiro Fernandes dos Santos, que substituiu o pai na política, Maria Olímpia e Jeny Fernandes de Oliveira, conhecida na história como dona Zazá.
Dona Zazá (1893/1985)
Jeny Fernandes de Oliveira, filha de José Fernandes de Oliveira e Joana Angélica dos Santos Silva, ambos famílias-tronco de Vitória da Conquista, herdou do pai a vocação para a política.
Foi a primeira mulher a ocupar uma vaga na Câmara de Vereadores em Vitória da Conquista.
Após seu casamento com Marcelino Garcia Rosa, tornou-se conhecida como D. Zazá.
Euflozina Maria de Oliveira – Fulô do Panela (1859/1935)
Filha de uma escrava alforriada, Maria Bernarda, com João de Oliveira Freitas um dos bisnetos do fundador da cidade, Euflozina nasceu no povoado do Panela, hoje conhecido como Campo Formoso. Casou-se com o fazendeiro e comerciante Lázaro Viana e com ele teve 3 filhos: Paulino, Raquel e Lídio Viana.
Abandonada pelo marido, Fulô veio morar em Conquista. Nesse período teve um filho do Coronel Gugé – Agenor Oliveira Freitas. Com o italiano Francisco Pascoal, Fulô teve o quinto filho – Noé Moraes de Oliveira.
Dessa forma, mulheres como Euflozina Maria de Oliveira, a Fulô, contribuíram de maneira efetiva na mistura étnica que formaria o tecido social de Conquista.
Fulô não foi apenas “a mulata que encantou o coronel” como se lê na história. Dados históricos do livro de Israel Orrico fazem crer que “Fulô” foi a mulher que encantou a todos que lhe conheceram. Fulô encantou o médico - doou um carro ao médico Régis Pacheco, para que ele pudesse visitar seus pacientes com mais frequência. Encantou o Bispo - a pedido do Monsenhor Olímpio, juntamente com seu filho Paulino Viana ajudou a criar a Santa Casa de Misericórdia de Vitória da Conquista, o primeiro hospital da região. Encantou o português Alfredo Trindade, com quem ela casou-se e viveu até o fim de seus dias.
Dessa forma, mulheres como Euflozina Maria de Oliveira, a Fulô, contribuíram de maneira efetiva na mistura étnica que formaria o tecido social de Conquista.
Fulô não foi apenas “a mulata que encantou o coronel” como se lê na história. Dados históricos do livro de Israel Orrico fazem crer que “Fulô” foi a mulher que encantou a todos que lhe conheceram. Fulô encantou o médico - doou um carro ao médico Régis Pacheco, para que ele pudesse visitar seus pacientes com mais frequência. Encantou o Bispo - a pedido do Monsenhor Olímpio, juntamente com seu filho Paulino Viana ajudou a criar a Santa Casa de Misericórdia de Vitória da Conquista, o primeiro hospital da região. Encantou o português Alfredo Trindade, com quem ela casou-se e viveu até o fim de seus dias.
Mãe de 18 filhos, semi-analfabeta e seguidora da doutrina espírita, Olívia Flores destacou-se na história como fazendeira, empresária e conselheira política. Segundo seu neto Paulo Ludovico, em entrevista para o site de Regina Martinet em novembro de 2012, Olívia Flores passou de pequena produtora rural a uma das maiores pecuaristas da região, chegando a contar cerca de dois mil cabeças de gado.
Na política, chegou a presidir em Conquista, o Partido Social Democrático (PSD) criado por Getulio Vargas, apoiou a candidatura de Pedral Sampaio em 1962 e durante o Regime Militar, pós-1964, participou na organização do “Clube do Tricô” uma organização que tratava de assuntos políticos, secretamente.
Na assistência social, segundo sua filha Nilza Flores, dona Olívia fornecia o café que ela mesma fazia para os presos da cadeia pública, alugava ônibus para levar doentes para Salvador e ajudava toda a comunidade do povoado do Campinhos. Entre os 18 filhos de Olívia Flores, alguns são também nomes de ruas, como por exemplo:
Dalva Flores (1929/2006)
Na política, chegou a presidir em Conquista, o Partido Social Democrático (PSD) criado por Getulio Vargas, apoiou a candidatura de Pedral Sampaio em 1962 e durante o Regime Militar, pós-1964, participou na organização do “Clube do Tricô” uma organização que tratava de assuntos políticos, secretamente.
Na assistência social, segundo sua filha Nilza Flores, dona Olívia fornecia o café que ela mesma fazia para os presos da cadeia pública, alugava ônibus para levar doentes para Salvador e ajudava toda a comunidade do povoado do Campinhos. Entre os 18 filhos de Olívia Flores, alguns são também nomes de ruas, como por exemplo:
Dalva Flores (1929/2006)
Fundadora do Abrigo Nosso Lar, dedicou 30 anos de sua vida aos idosos desamparados. Nas campanhas que fazia para arrecadar alimentos e agasalhos para o abrigo, ela sempre dizia: “Nada peço para mim ou para meus filhos. Minha luta é por aqueles que já não têm saúde, nem forças para pedir, nem ninguém que olhe por eles.”
Dalva Flores cuidava pessoalmente dos internos mais velhinhos, limpando as feridas abertas pela longa permanência na cama, fazendo curativos e alimentando aquelas criaturas como se elas fossem bebês.
Certa vez, em um sermão da missa de domingo, o Padre Bruno Baldacci contou que, ao ver dona Dalva em ação disse-lhe:
- D. Dalva, a senhora é uma mulher santa! Pena, que seja espírita!
Sem deixar o que estava fazendo, ela respondeu:
- Pois é, padre. O senhor também é um homem muito bom. Pena que seja padre!
Assim foi Dalva Flores, uma mulher caridosa, altiva e firme em suas convicções.
Fotos: Site Taberna da história de Vitória da Conquista.
Li o livro, mulheres determinadas, guerreiras. Vitória da Conquista não seria a mesma sem a participação delas. Peculiar mesmo foi a história de fulô do panela.
ResponderExcluirtambém conheço bem o livro sobre as mulheres q fizeram história em Conquista....um no trabalho social..político e antropologico
ResponderExcluirtambém conheço bem o livro sobre as mulheres q fizeram história em Conquista....um no trabalho social..político e antropologico
ResponderExcluirO padre foi muito correto, pois todo espírita, seguindo a heresia pelagiana, pensam que somente sendo bonzinhos conseguirão "evoluírem espiritualmente", em reencarnações sucessivas, esquecendo-se que Cristo é Deus, pois eles negam a Sua Divindade... Sem fé em Cristo o caminho é a perdição eterna... A coletânea de heresias do espiritismo conduz muitas pessoas boas à perdição da alma... Uma pena...
ResponderExcluirMuito boa a matéria... mais esqueceram de citar outra grande mulher de nossa cidade TINA GUSMÃO
ResponderExcluirMuito boa a matéria... mais esqueceram de citar outra grande mulher de nossa cidade TINA GUSMÃO
ResponderExcluirSó tenho que sentir muito orgulho de tamanha bondade dessas mulheres!sendo uma delas a minha bisavó Henriqueta Prates.
ResponderExcluirComo cresci ouvindo meus pais Manuel Brito Lacerda e Raulina Tertulina Silva contar histórias sobre Vitória da Conquista tive curiosidade de pesquisar um pouco.
ResponderExcluirJoão Miranda e Jovino Oliveira,Olímpio Correia fizeram parte das histórias que pai e mãe contavam de Itapetinga,Itororo,Vitória da Conquista.
ResponderExcluirOrgulhosa por ser bisneta dessas duas valentes mulheres,Henriqueta e Laudicéia, construtoras da história dessa linda e amada cidade.
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